“Ele conversou de boa, frio, com respostas rápidas. Indagado por um investigador se voltaria no tempo, ele disse que não se arrependeu e que faria tudo de novo”. Este foi o relato do delegado Carlos Augusto Guimarães, titular da 143ª DP de Itaperuna (RJ), à CNN, sobre o depoimento do adolescente que matou a família no último sábado (21).
O menor foi apreendido na quarta-feira (25) e confessou ter matado os pais, Inaila Teixeira, de 37 anos e Antônio Carlos Teixeira, de 45 anos e irmão mais novo, de três anos, enquanto dormiam. A arma do pai, que estava guardada embaixo do colchão, foi utilizada para o crime.
A polícia trabalha com duas linhas de investigação. Uma delas é a de que os pais do adolescente eram contra o relacionamento virtual que o garoto mantinha. A outra é a de que ele cometeu o triplo homicídio com o objetivo de sacar o FGTS do pai.
Após perícia nos aparelhos eletrônicos do adolescente, a polícia afirmou que ele pesquisou na internet “como sacar FGTS de pessoa morta”. O menor usaria a quantia de R$33 mil em uma viagem para o Mato Grosso, onde encontraria uma adolescente de 15 anos com quem mantinha um namoro virtual. Ele a conheceu aos 8 anos, por meio de um jogo online.
A adolescente mora no município de Água Boa (MT) e foi identificada nesta quinta-feira (26) e será ouvida pela polícia do estado. A polícia investiga se ela está envolvida no planejamento do crime ou incentivou a execução.
“Nada impede dela ter participado virtualmente. Se ela participou virtualmente, de forma a induzir, quer dar ideia ou instigar, quer reforçar a ideia da prática desses crimes, ela pode responder pelos meios devidos”, completou o delegado Carlos Augusto Guimarães ao G1.
As investigações também indicam que o adolescente de 14 anos estaria elaborando um plano para falsificar uma autorização de viagem interestadual, já que os pais eram contra o relacionamento.
Adolescente de 14 anos que matou família confessa detalhes do crime: “faria de novo”
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O adolescente relatou ter tomado um energético para se manter acordado e, durante a madrugada de sábado (21), pegou a arma do pai, que tinha autorização como Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC). Ele atirou na cabeça do pai, na mãe e no pescoço do irmão caçula, de três anos. A família dormia junta no mesmo quarto, para utilizar o ar condicionado. Investigadores afirmam que o depoimento foi feito com frieza.
A polícia identificou que a bolsa de viagem do adolescente já estava pronta e que dentro delas estavam os celulares dos pais. A arma utilizada para o crime foi encontrada na casa da avó, que demonstrou estar emocionalmente abalada. Ainda segundo a polícia, o adolescente utilizou produtos químicos no chão e, para ocultar os cadáveres, arrastou os corpos até a cisterna de casa, no distrito de Comendador Venâncio, Itaperuna (RJ).
Na tarde de terça (24/06), a avó do adolescente foi com ele à delegacia para registrar o desaparecimento dos familiares, por não conseguir contatá-los. Durante as buscas, o menor afirmou que os pais foram a um hospital após a criança de três anos ter engolido um caco de vidro. A polícia chegou a procurar os desaparecidos em unidades de saúde da região.
A polícia civil de Itaperuna fez uma busca na casa do adolescente, identificou manchas de sangue no colchão e sentiu um odor forte vindo da cisterna, onde encontrou os corpos, que foram retirados com a ajuda do Corpo de Bombeiros e encaminhados para o IML.
O adolescente deve responder por ato infracional análogo a triplo homicídio e ocultação de cadáver.
Fonte Aratu On